ATA DA OITAVA SESSÃO SOLENE DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 28.04.1987.

 


Aos vinte e oito dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Nona Sessão Solene da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear os Campeões do Carnaval de 1987. Às dezesseis horas e vinte e cinco minutos. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: a Verª. Teresinha Chaise, 1ª Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Jorn. João Batista de Melo Filho, Diretor-Presidente da Epatur, representando, neste ato, o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. Alceu Collares; Sr. Alfredo Raimundo (Macalé), Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas do Rio Grande do Sul; Dr. Hélio Corá, Presidente da Antárctica; Ver. Frederico Barbosa, 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; Ver. Jaques Machado, 3º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, a Sr.ª Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Artur Zanella, como proponente da Sessão e em nome das Bancadas do PDS, PFL, PMDB e do Ver. independente Jorge Goularte, disse que se homenageia hoje o que há mais de representativo na Cidade em âmbito popular. Destacou a importância do Carnaval em termos sociais, econômicos e sociológicos, discorrendo sobre problemas enfrentados pelas entidades carnavalescas e a necessidade de um maior estímulo aos carnavais de Bairro. Ao final, saudou os campeões do Carnaval de 1987. E o Ver. Cleom Guatimozim, em nome do PDT, lembrou sua participação no carnaval porto-alegrense, prestando homenagem às Escolas classificadas em 1987. Saudou diversas personalidades do carnaval da Cidade e afirmou que aqueles que se dedicam ao carnaval em Porto Alegre merecem de todos o maior reconhecimento. A seguir, o Sr. Presidente informou o recebimento de telegramas do Sr. Secretário de Indústrias e Comércio do Estado, do Sr. Governador do Estado, da RBS, na pessoa de seu Presidente, Jayme Sirotsky, e do Dr. Matias Flach. A seguir, a Sr.ª Presidente convidou os Vereadores Artur Zanella, Cleom Guatimozim, Frederico Barbosa, Paulo Sant'Ana e Jaques Machado para, juntamente com os Srs. Reginaldo Pujol, Alfredo Raimundo (Macalé), Ester Zuccalmaglio, Valéria Jarros e Hélio Corá, procederem à entrega das medalhas aos Campeões do Carnaval de 1987. Receberam as medalhas em nome das diversas categorias, as seguintes Escolas de Carnaval e seus respectivos representantes, como se segue: Estado Maior da Restinga, classificados: melhor figurino - Itacolomi Santos; melhor puxador de samba - Paulo Batista Souza; melhor passista masculino - Cláudio Machado; Ala Vai-Vai - Luiz Machado; Ala das Baianas - Noeli dos Santos Martins; Ala Indígena Brasil - José Brasil; Diretor de Bateria - Jorge Matos; Alegorias e Adereços - Jorge Luís; Comissão de Frente - Lídia Ribeiro. Escola Imperadores do Samba: Compositor - Ismar Silveira da Silva; Puxador de Samba - Cláudio Custódio dos Santos; Diretor de Bateria - Irajá Gutierrez; Figurinos - Lídia Richiliti; Ala Sufoco - Luís Meireles; Ala das Baianas - Neusa Coutinho; Ala Indígena - Nelsinho Mendonça da Silva; Escola Bambas da Orgia: Figurino - Ariovaldo Paz; Puxador - Luiz Fernando Soares de Lima; Diretor de Bateria - Jorge Freire; Comissão de Frente - Ariovaldo Paz. Império da Zona Norte: Mestre Sala - Paulo Roberto da Silva; Porta-Bandeira - Lígia Ivone Flores; Diretor de Bateria - Neri Soares Gonçalves. Academia Praiana: Passista Feminino - Rosana Cristina Félix; Porta-Estandarte - Jurema Erotildes da Silva. Garotos da Orgia: Passista Feminino - Cláudia de Oliveira; Alegorias e Adereços e Ala Indígena - recebidos pelo Presidente da escola. Academia Samba Relâmpago: Melhor Compositor - Jorge Alves Pereira; Puxador - Luiz Alberto Porto Alex; Porta-Estandarte - Sandra Maia; Diretor de Bateria e Comissão de Frente - Júlio Luscena. Embaixadores do Ritmo: Composição - Cléver Giró; Alegorias e Adereços - Júlio César Gonçalves de Almeida; Ala das Baianas - Maria Helena Matias Rosa. Imperatriz Dona Leopoldina: Figurino - Alvino da Silva Machado; Passista Masculino - Jorge Luiz dos Santos Nascimento; Mestre-Sala - Jorge Ademir da Silva; Porta-Bandeira - Solange Amélia Borges; Ala Indígena - representante da Diretoria “Gê”; Ala das Baianas - Sr. Nélson, representante da Diretoria. Fidalgos e Aristocratas: Puxadora: Francelina Machado de Souza. Tribo Os Comanches: Puxador, Figurinos, Diretor de Bateria, Alegorias e Adereços recebidos por representante da Diretoria. Tapuias: Dançarino - João Roberto Chagas; Diretor de Bateria - Gilson Iguatemi. Guaianazes: Bailarina - Maria da Conceição Goia. Unidos da Vila Isabel, de Viamão: Compositor e Puxador: Zé Ivo; Diretor de Bateria - Valdir Souza. Tártaros, de Canoas: Puxador - Geraldo Juarez da Silva; Figurino - Jorge Juarez. Academia Samba Puro: Compositor - Eugênio de Alencar; Passista Feminino - Maria Roselaine Oliveira Araújo; Diretor de Bateria - João Gomes; Alegorias e Adereços - Eugênio Alencar. Estão Primeira da Figueira: Mestre Sala - Alexandre Figueiredo da Silva; Porta Bandeira - Marlene Rodrigues; Ala Indígena e Ala das Bruxas, Rosângela Vargas. Filhos da Candinha: Figurinos - Sandra Maia; Porta Estandarte - Elin Cardoso dos Santos; Comissão de Frente - Naiara; Melhor Alas das Baianas - João Luís, representante. Escola Unidos do Umbu: Passista Masculino - Luiz Menezes da Silva; Metre Sala e Porta Bandeira, respectivamente, José Carlos e Neusa Machado; Melhor Bateria - Sérgio, representante da Diretoria. Escola Portela: Puxador - Rubens Trindade da Rosa. A seguir, foi feita a entrega das Placas às Escolas Campeãs do Carnaval de 1987, recebidas por seus respectivos Presidentes. Após, a Sra. Presidente concedeu a palavra ao Sr. Alfredo Raimundo (Macalé) que, em nome das Entidades Carnavalescas, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Em continuidade, a Sra. Presidente agradeceu a presença de todos, convidou as autoridades e personalidades a passarem à Sala da Presidência, convocou os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária de hoje, às vinte horas e levantou os trabalhos às dezessete horas e quarenta e cinco minutos. Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Teresinha Chaise e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa e Jaques Machado. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Srs. Presidente e 1ª Secretária.

 

 


A SRA. PRESIDENTE: Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear os Campeões do Carnaval de 1987.

Solicito aos Srs. Lideres de Bancada que conduzam ao Plenário as autoridades e personalidades presente. (Pausa.)

Convido a fazerem parte da Mesa: Jorn. João B. de Melo Filho, Diretor-Presidente da EPATUR, representando, neste ato, o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. Alceu Collares; Sr. Alfredo Raimundo (Macalé), Presidente da Associação das Entidades Carnavalescas do RS; Dr. Hélio Corá, Presidente da Antárctica.

A seguir, passaremos a palavra ao Ver. Artur Zanella, que falará em nome do PDS, PFL, PMDB e do Ver. independente Jorge Goularte.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr.ª Presidente, Srs. Vereadores, meus Senhores, minhas Senhoras, a Câmara Municipal de Vereadores vive hoje uma de suas grandes tardes, porque aquilo que de mais representativo tem esta Cidade, em âmbito popular, está aqui neste momento. Esta Sessão foi pedida por mim, como poderia ter sido solicitada por uma série de outros Vereadores que compreendem a importância do carnaval no Brasil e em Porto Alegre. Cálculos realistas indicam que uma noite de desfile das escolas, das grandes escolas do I Grupo em Porto Alegre, centraliza mais de 100 mil pessoas em volta da Av. Perimetral. E isso significa que a importância do carnaval, em termos sociológicos, em termos econômicos, em termos sociais, é extremamente importante. E nós, que aqui estamos entre as grandes metrópoles da América do Sul, entre o Rio, Montevidéu, Buenos Aires, Santiago do Chile, temos tudo para manter aqui, aquele turista platino que não tem mais condições de ir ao Rio de Janeiro, para o carnaval do Rio, fruto daquele gigantismo que lá ocorre, da falta de segurança. Coisas que nós temos aqui, no Rio Grande do Sul, como fator significativo para atrair esse turismo, que é a indústria sem chaminé. E para isso precisamos, evidentemente, cada vez mais, nos aparelharmos para isto. É necessário que as escolas de samba de Porto Alegre tenham de forma definitiva - e não como agora estão, em sedes emprestadas, cedidas - sua sede definitiva em nossa Cidade. Alguns, como essa grande potência carnavalesca que são os “Bambas da Orgia”, por exemplo, nem esta sede provisória possuem neste momento. E esse é um dos pontos que, numa tarde festiva como esta, devem ser apontadas como uma das grandes necessidades do nosso carnaval. É necessário também... E vi, com grande satisfação, Decreto do Sr. Prefeito Municipal, designando, junto com dois de seus colaboradores, Secretário de Planejamento do Município e Presidente da EPATUR, Batista Filho, a nomeação do Macalé, do Hermes Souza e do Cláudio Brito, como integrantes da comissão que definirão o projeto da nova pista de eventos da Cidade. Isto é importante, necessário e útil, porque as atuais condições são inadequadas na avenida, com viadutos, com a população mal-instalada, não por culpa dos órgãos municipais, mas por culpa do local, que é uma avenida perimetral e não uma pista de eventos. Assim, têm, os carnavalescos todas as dificuldades que os senhores conhecem. É necessário o reerguimento dos carnavais de bairro e, aqui, cita-se, como exemplo, aquele trabalho árduo, incompreendido, que o Ver. Jorge Goularte, Vereador independente desta Casa, insistiu-me para que enfatizasse, que é o carnaval de bairros, que é representado por aquele esforço da comunidade do Bairro Santana, liderada pela Maria Bravo e que, este ano, já se amplia com o carnaval da Cavalhada.

Temos que, também, dar um apoio maior à Associação das Entidades Carnavalescas, que já tem a sua sede, mas que necessita, cada vez mais, apoio, representada por esta figura do Macalé, que é uma das legendas deste Estado, desta Cidade, uma pessoa que já recebeu a sua justa homenagem pela Câmara Municipal, Cidadão Emérito que é, e que temos certeza, brevemente, receberá do Executivo uma Medalha da Cidade de Porto Alegre, representando esta comunidade carnavalesca, tão pujante e tão representativa da Cidade de Porto Alegre.

Também temos, hoje, a presença, nesta Mesa, de pessoas ligadas ao carnaval, de uma pessoa que eu disse a ele um dia que ele tinha que ocupar um espaço que está vago nesta Cidade desde o afastamento do saudoso Comendador Heitor Pires. Refiro-me ao empresário Hélio Corá, que não deixou ninguém sem atendimento, que não deixou ninguém sem apoio no carnaval e, tenho certeza, nos demais eventos populares. Dr. Corá, esta Cidade, esta comunidade muito esperam do senhor em benefício, principalmente, daqueles que lutam para fazer eventos populares, eventos para o povão, eventos que sirvam àquelas pessoas que não têm condições de ir nos grandes teatros, nos grandes cinemas. Nós temos que fazer mais e mais festas populares e dar força, cada vez mais, para o nosso carnaval.

Finalmente, um destaque especial para a nossa imprensa, que tanto apoio nos tem dado e que tanto divulga o carnaval desta Cidade. Eu resumiria este apoio das diversas entidades e das diversas rádios naquela que descende de um dos troncos mais representativos da imprensa do Rio Grande e da imprensa do País, de um jornal dedicado a assuntos comerciais. O Jenor Jarros, que já nos deixou, a D. Zaida Jarros que, felizmente, ainda é a nossa madrinha. E eu faria um destaque todo especial para uma jovem que, há pouco tempo, priva deste ambiente carnavalesco, mas que com o fruto do seu trabalho, da sua simpatia tem o dom de representar esta homenagem que faço a toda imprensa, que é a Valéria Jarros. (Palmas.)

E, felizmente, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, meus senhores, eu vi, neste ano, com uma satisfação toda especial, e até pessoal, escolas que receberam os primeiros lugares dos jurados, escolas que tentam crescer, que tentam aprender com as escolas mais antigas que, com suas glórias, mostram os caminho para aqueles que têm surgido. A multicampeã “Os Bambas da Orgia”, os “Imperadores” com a sua garra, com o seu povo, “A Praiana”, os “Acadêmicos”, o “Império da Zona Norte”, já campeões por longas datas, hoje cedem lugar, neste ano de 87, à escola de uma das vilas mais populosas da Cidade, uma das mais longínquas, e que, por fruto do seu trabalho e da garra do seu povo, chegou lá, que é o “Estado Maior da Restinga”, a grande campeã do carnaval de 87. (Palmas.)

No grupo II “Os Garotos da Orgia”... E pedia a Bancada do PDS, principalmente por intermédio do seu Líder e do Ver. Rafael Santos, extremamente ligado àquela escola, que destacasse a luta dos “Garotos da Orgia” em busca das nossas origens, de uma vertente popular genuína.

No terceiro grupo, o “O Samba Puro”, lá na Maria da Conceição, uma das áreas mais carentes desta Cidade. Lembro neste momento o que dizia o Presidente da Restinga há poucos minutos: “para aqueles que criticavam o luxo das escolas e dos componentes, numa sociedade injusta, ao menos no carnaval as pessoas têm o direito de mostrar sua beleza, seu bom gosto, e ao menos em três, quatro dias de carnaval o povo tem condições de mostrar no País inteiro aquilo que é capaz”. A Escola “O Samba Puro”, parece-me, é um exemplo típico disto que se procura: numa sociedade injusta tentarmos a justiça e tentarmos, ao mesmo tempo, que todos tenham o direito a um pouco de felicidade. As tribos, tão criticadas, às vezes, mas que são um atributo especial de Porto Alegre - velhos “Comanches”, doutores em Carnaval e que levaram novamente este ano o “Destaque” na Avenida. Nesta listagem apresentada pela Associação das Entidades Carnavalescas também a homenagem “Os Unidos da Vila Isabel”, de Viamão, e “Os Tártaros”, de Canoas, que vieram aqui na avenida trazer para nós, porto-alegrenses, a luz da sua simpatia e beleza.

Meus Senhores, pretendia e tinha combinado com o Ver. Cleom Guatimozim que falaríamos o menor tempo possível, porque a festa é dos senhores, mas creio que também, num momento de festa, algo um pouco mais sério, de reflexão, deva ser dito. Nós temos - nós, quando eu falo, é a comunidade inteira - de nos convencer de que esta Cidade é a união de todos nós. É isso que nós queremos, nesta tarde, quando trazemos, aqui, políticos, carnavalescos, industriais, administradores, jornalistas, enfim, todos nós, para dizer, finalmente, que esta Cidade não é de ninguém. Ela não é nem daqueles que nasceram aqui, exclusivamente. É de todos aqueles que vieram do Interior em busca de um sonho que, às vezes, não se concretizou, mas este sonho, se um dia for bem representado nesta Cidade, tenho certeza de que o será no enredo de uma escola de samba, num samba bem feito e num puxador bem afinado. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito para a homenagem nesta Sessão Solene é o Ver. Cleom Guatimozim, que falará em nome da Bancada do PDT.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, convidados presentes, durante treze anos consecutivos coordenando o carnaval para a Rede Brasil-Sul de Comunicações, nós tínhamos, diariamente, desde o pré-carnaval, desde os primeiros ensaios, um contato direto, dia a dia, com essa gente boa de carnaval. A experiência que adquirimos, nesses anos, e com essa participação, nos lançou, até por força do veículo de comunicação, automaticamente, dentro do carnaval e com o conhecimento muito grande de cada um que faz carnaval nesta Cidade. Uma das experiências muito grande que tivemos foi quando recebemos, da RBS, a missão de levar uma escola de samba para dentro do Hospício São Pedro a fim de fazer carnaval para aqueles que lá estão internados. E nós convidamos, na oportunidade, os “Fidalgos e Aristocratas”, que haviam regressado de Bariloche, onde tinham representado o Brasil numa festa popular. Aquela grande experiência que, ao final, não pôde ir para o ar, face à legislação existente que impedia, nos deu oportunidade de conhecer o comportamento do brasileiro diante desta maravilha e deste fascínio que é o nosso carnaval.

Eu vejo aqui pessoas que há tanto tempo não reencontrava e na própria Bancada do PDT, que aqui representamos, temos pessoas diretamente envolvidas no carnaval e que sofrem este fascínio que acompanha a magia do carnaval. O Ver. Jaques Machado, o Ver. Ennio Terra, o Ver. Paulo Sant'Ana e o Ver. Kenny Braga são homens de carnaval na Bancada do PDT. São diretamente envolvidos com o carnaval e os senhores sabem disto.

Então, falando em nome da Bancada do PDT, desejamos, em primeiro lugar, prestar a nossa homenagem àquelas escolas que se classificaram após um preparo, um esforço, uma atividade muito grande e uma expectativa ainda maior, porque me parece que a expectativa que nós vivemos diante do anúncio do júri é imensa e aí é que podemos avaliar - diante deste comportamento - o amor que cada um tem ao carnaval e à escola a que pertence. Nós sabemos que temos no carnaval de Porto Alegre figuras inconfundíveis, como, por exemplo, o Macalé que, nestes 25 anos em que nos encontramos nesta Casa, foi um dos únicos títulos de Cidadão Emérito que nós demos, pelo merecimento que tem, pela forma com que se atira no carnaval e pelo esforço que dá a todas as escolas, sendo presidente da nossa Associação. Temos o Ver. Reginaldo Pujol. Quero dizer que estive na Restinga, levado pelo Ver. Reginaldo Pujol, que queria mostrar-me a maravilha do carnaval da Restinga. E, de fato, conseguiu-nos impressionar pela forma, pela organização, pela esperança, pela atividade que a Restinga demonstrou sempre e que a levou, agora, ao título máximo, bem merecido. Figuras que aqui encontramos hoje, tantos, nós, que todas as noites íamos em cada quadra de ensaio colhendo dados e informações para o dia do desfile... E essas pessoas, por incrível que pareça, numa Cidade que não é tão grande assim, só voltamos a encontrar na época do carnaval. Por isso foi feliz a idéia do Ver. Artur Zanella em que esta Casa parasse o trabalho atribulado, suas leis, seus exames que faz de legislação estadual, federal, parasse um pouco para recebê-los, para dizer a vocês todos que fazem o carnaval que nós, homens públicos, que pertencemos ao povo também, estamos no carnaval e temos as nossas paixões pelo carnaval e muitos pelas suas escolas, por uma ou por outra.

A Bancada do PDT, nesta oportunidade, diz que conseguem-se, no carnaval, coisas verdadeiramente impossíveis de se conseguir. E a primeira é a de se fazer carnaval sem dinheiro ou de fazer com pouco dinheiro. E nós começamos no carnaval quando ainda havia uma certa restrição entre as escolas e até havia um segredo dos temas que iriam apresentar no seu desfile, no dia do julgamento. E me lembro que esta organização ia tão fundo, companheiros Reginaldo Pujol e Paulo Sant'Ana, que algumas escolas muito organizadas faziam um tipo de espionagem nas outras escolas e colocavam lá os seus magros para descobrirem qual era o tema daquela escola. Isso deixou em guarda essas escolas que estavam sendo espionadas, que precisaram organizar um serviço de contra-espionagem, ou seja, para seguir os magros onde iam levar os figurinos. Vejam por aí que não sou tão antigo no carnaval como o Macalé, mas sou desde o tempo da espionagem no carnaval. E esse carnaval maravilhoso que vocês fazem em Porto Alegre e que, às vezes, é tão incompreendido!

Nós chegamos, nesse ano passado, a temer pela sorte do carnaval, porque sabemos que muitas pessoas gostam apenas de assistir ao desfile de carnaval no dia, ignorando que essas escolas precisam ensaiar, que essas escolas precisam-se organizar administrativamente e que essa é uma metrópole de um milhão e trezentos mil habitantes e que a perturbação do sossego público é feita desde os automóveis que passam em grande velocidade nas grandes avenidas. E é exatamente para esses - poucos, felizmente - que fazemos um apelo nesta oportunidade, se o eco das nossas palavras chegar até lá. Que eles entendam que essa gente boa que faz carnaval, que dá alegria ao povo, que faz com que uma mãe saia de sua casa com duas crianças nos braços, o pai carregando mais uma ou duas, que movimenta os casais, que movimenta os jovens para assistirem a um desfile de beleza necessitam da nossa mais alta consideração. E que saibam, também, esses poucos que homenagens como essa são exatamente para demonstrar que a administração pública compreende e que deveria ajudar muito mais do que ajuda as escolas de samba. (Palmas.)

O companheiro de Câmara Artur Zanella falava também na passarela de eventos especiais, que vai ser uma mágica maravilhosa, inclusive, no local em que vai ser construído. As obras que vão contemplar esse conjunto, a forma com que vai ficar situada é a definição total de eventos, desfiles e, principalmente, do carnaval, que é a vontade do Prefeito Alceu Collares já relatada nesta Casa não só para a Bancada do PDT, mas para inúmeros Vereadores. Um atendimento que pretende dar um governo popular ao povo de Porto Alegre e àqueles que fazem carnaval.

Para não me alongar, como disse o Ver. Artur Zanella - coisa que combinamos - devo dizer, finalmente, que volta à discussão aquilo que foi citado, aqui, pelo Ver. Zanella: a descentralização ou não do carnaval. Antes, o carnaval era descentralizado. Havia os coretos de bairro, mas havia, também, muitas reclamações. As escolas não dispunham de um meio para se deslocarem até esses bairros. Face a esta impossibilidade, o carnaval foi se centralizando automaticamente. Hoje nós temos um carnaval centralizado, apenas com o coreto da brava Maria Bravo, sempre lutando pelo seu carnaval na Santana. Então, o problema da descentralização do carnaval deve ser muito bem estudado pela EPATUR, certamente para ver os prós e contras e depois, então, os Senhores, que fazem o carnaval junto com a EPATUR, junto com o Sr. Prefeito, com a Prefeitura, tomarem uma decisão de como deverá ser feito.

Fica aqui a homenagem do PDT, não só em nome dos Vereadores que já citei que fazem carnaval, o Jacão, o Ennio Terra, Kenny Braga, Paulo Sant'Ana e este modesto Vereador, mas, também de todos os 13 Vereadores que saúdam os Senhores pedindo compreensão para esta maravilha de carnaval que os Senhores fazem. Quando eu contei a minha avozinha aquele carnaval que eu fiz dentro do hospício São Pedro, a velhinha disse o seguinte: “meu filho, carnaval é coisa de louco”. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Esta Presidência, nesta Sessão Solene, quer dar ciência ao Plenário e aos homenageados que recebeu telegrama do Sr. Secretário de Indústria e Comércio do Estado do Rio Grande do Sul; Dr. Pedro Simon, Governador do Estado do Rio Grande do Sul; recebeu, também, telegrama, parabenizando, da RBS, através do Sr. Diretor-Presidente e do Dr. Mathias Flach. Os telegramas estão à disposição dos Srs. homenageados.

Convido os Vereadores Artur Zanella, Cleom Guatimozim, Frederico Barbosa, Paulo Sant'Ana e Jaques Machado para, juntamente com os Srs. Reginaldo Pujol, Alfredo Raimundo (Macalé), Ester Zuccalmaglio, Valéria Jarros e Hélio Corá, procederem à entrega das medalhas aos Campeões do Carnaval de 1987, através do Sr. Leandro Maia, apresentador da Rádio Princesa.

 

(É feita a entrega das medalhas, conforme consta na Ata.)

 

A SRA. PRESIDENTE: A seguir, procederemos à entrega das placas às escolas campeãs, que serão recebidas pelos respectivos Presidentes.

 

(É feita a entrega das placas.)

 

Ao finalizar a entrega dos prêmios aos homenageados e aos campeões do carnaval de 1987, esta Casa tem o prazer e a satisfação de passar a palavra ao nosso conhecido e querido Macalé para que ele faça a sua saudação.

 

O SR. MACALÉ: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras da minha comunidade, quero que as minhas palavras sejam para que esta homenagem seja extensiva a três companheiros de luta de mais de 40 anos de carnaval: meu grande amigo Adolfo Giló, (palmas), Adolfo Machado (palmas) e outros mais jovens do que eu que também lutam pelo engrandecimento desta festa, que é uma festa popular.

Meus senhores, coube a mim a honra de encerrar esta Sessão, representante de todos nós, representando esta comunidade que amamos e adoramos, onde vivemos na mais completa paz, sempre lutando pelo engrandecimento de um objetivo que é nosso.

Ao Ver. Zanella, pela feliz idéia de estender os agradecimentos a todos, a nossa Câmara de Vereadores, esta Casa que é legítima representante do povo de Porto Alegre, aos Vereadores que nos deram a honra e o prazer de nos acompanhar durante o tempo que estamos aqui, àqueles que ficaram compartilhando conosco, mostrando desta maneira que são homens humildes, porque vivem com as comunidades pobres dos nossos bairros e nossas vilas.

Quero, meus carnavalescos, dizer a todos vós que a estrada está aberta, que o caminho é longo e impetuoso, mas nós temos que desbravá-lo, gradativamente. É um tempo muito longo, de muito sacrifício, de muitas lágrimas, muitas alegrias, mas nós vamos até onde podemos ir.

Não posso deixar de registrar o nosso profundo agradecimento ao Prefeito de Porto Alegre, Dr. Alceu Collares, pela abertura, por aquilo que nos deu no carnaval de 1987. Estendeu-nos a mão. Numa série de obstáculos intransponíveis, ele abriu e, Graças a Deus, o nosso Carnaval está aí.

Ao Diretor-Presidente da Epatur, João Batista de Melo Filho, velho companheiro de luta, jovem ainda, mas compreendendo o sacrifício da classe pobre, porque o nosso carnaval é feito exclusivamente para o pobre, para os da vila, para os dos bairros, aqueles que representam, efetivamente o poder de vida, que lutam pelo sacrifício diário, mas que, nos dias de carnavais, esquecem os sérios problemas, para poderem em quatro dias com sua família, com seu povo com seus amigos, fazerem aquilo que nós todos, tanto amamos.

Não quero me alongar. Quero fazer meus agradecimentos ao Presidente e aos Srs. Vereadores que aqui se encontram conosco e dizer a eles que a comunidade carnavalesca muito bem sabe, observa e muito deve a muitos políticos. E aqueles que nunca nos estenderam a mão também não poderão chegar à porta da nossa casa e pedirem votos, porque nós somos carnavalescos e sabemos aonde temos que ir.

Eu sempre digo e continuo reafirmando: na comunidade carnavalesca não há traidor. Há amigos. O pessoa do carnaval todos são irmãos, vivem dos mesmo sofrimento, lutam por aquilo que amam, que é o carnaval.

À minha comunidade, os meus agradecimentos pelas suas presenças. Se vocês aqui não estivessem, tenho certeza, tudo aqui estaria triste.

A nossa Casa do Povo que, segundo me consta e nos meus 41 anos de carnaval, é a primeira vez que há uma Sessão Especial dedicada aos carnavalescos é feita nesta Casa. É a segunda vez que aqui entro. A primeira vez, honrado com o Título de Cidadão Emérito, oferecido pelo então Presidente, Ver. Cleom Guatimozim.

A todos vocês, reafirmo, o caminho está aberto. Novas portas abrirão, se Deus quiser. E a única coisa que peço é que nos compreendam e que examinem as suas consciências, aqueles que são nossos verdadeiros amigos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: A Mesa através da sua Presidência, neste momento, tem o prazer de dizer a todas as pessoas que estão neste Plenário, na Casa do Povo, que esta foi uma tarde muito feliz para a Câmara de Vereadores. Para nós, que representamos todos os segmentos desta Cidade. Para nós, que temos nos ombros as obrigações de lutarmos pelas dificuldades dos cidadãos de Porto Alegre, é o momento que nós paramos para festejar com certeza, neste fim de tarde, neste começo de outono, onde há meses atrás, precisamente no verão, vocês já começavam a se concentrar na avenida para iniciarem aqueles momentos gloriosos, cintilantes, maravilhosos, onde as escolas proporcionavam um ano inteiro, de quase um trabalho artesanal, e de muito sacrifício, de muita luta, de muita lágrima, de muito sangue derramado, iniciavam um desfile naquela apoteose maravilhosa, onde nós, os representantes do povo, estávamos ali, junto com o povo, para aplaudir vocês, e juntos com vocês nós amanhecíamos. Amanhecíamos porque temos o maior prazer em aplaudir as nossas escolas. Em aplaudir aqueles que fazem o carnaval e a alegria do povo de Porto Alegre.

E trazemos, neste momento, também, a palavra de fé, a palavra de confiança, a palavra positiva do Prefeito Alceu Collares, que deseja que o carnaval de sua Cidade seja um carnaval abrangente, um carnaval que consagre, um carnaval que deixe na memória de todos os que o assistem uma lembrança feliz, uma lembrança boa, uma lembrança que cintile igual às três noites que nós passamos naquela Avenida.

A Câmara Municipal de Porto Alegre se sente muito feliz e muito honrada com a presença dos grandes grupos, com a presença das escolas, com a presença das tribos. Com a presença do seu Presidente da EPATUR. Com a presença do representante das Entidades Carnavalescas, Macalé. Com a presença do Empresário Hélio, porque nada, nada poderá ser feito neste País sem que haja a união do povo e de classe que possa contribuir e esta satisfação e esta alegria dum bom carnaval, unindo os seus esforços. É o que nós queremos juntos com os nossos empresários, que saibam o sacrifício que enfrentam os nossos carnavalescos. Aquela alegria que eles estampam na noite que desfilam é um trabalho de longas e longas noites de vigília, de trabalho constante, dia e noite, em prol e em busca da vitória da sua escola. Neste momento, aqui, não existe uma campeã, mas sim todas as escolas vitoriosas e todos os grupos merecem que se chamem de campeões de Porto Alegre. Eles foram realmente os grandes destaques porque tiveram uma só finalidade e alcançaram: fazerem o povo de Porto Alegre feliz.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Extraordinária de hoje, às 20h.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h45min.)

 

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